segunda-feira, outubro 13, 2008

Just Feel

Um arrepio frio percorre-me a espinha.
Sinto uma presença inesperada no meio deste silêncio obscuro.
Abro os olhos e ali está ele. Na penumbra, apenas o consigo distinguir pela silhueta, pelo vulto inconfundível… parado à minha frente, imóvel… prende-me só com o seu olhar.
Avança para mim, pega-me ao colo e colhe-me nos seus braços, deitando-se ao meu lado, por entre pétalas frias e suaves, no meio do chão caldo à beira daquela lareira crepitante que me acalentava a solidão.



Ao seu toque, todo o meu corpo treme, parece que faísca a minha pele na sua… As suas mãos subtis, fortes, carinhosas, sorvem a minha vontade, satisfazendo-a, tocando-me por inteiro… é de tal forma hipnótico o seu toque que quase me sinto fora do meu corpo… a minha alma começa a elevar-se para lá da carne…
Arrepia-se-me a pele, aguça-se a sensibilidade e a necessidade premente de te sentir em mim.

Cruzam-se os nossos olhos num deleite de desejo ardente e infinito, misturamo-nos na sombra projectada na parede pelas labaredas da lareira.
Sem uma única palavra. Tudo é sensação, arrepio, magnetismo e neste momento tudo parece imóvel e intemporal, tudo se torna fundamental, ar sem o qual não respiro.

Toca-me. Faz-me tua. Devagar, faz-nos flutuar entre o inesperado e o essencial. Torna-nos tão leves que quase não seremos matéria ao nos fundirmos. Simplesmente. O sangue que nos ferve nas veias transporta-nos para lá do real, onde apenas importa este sublime momento em que eu sou tua e tu és meu.

1 comentário:

hollygang disse...

Não sei se será o adjectivo mais adequado, mas achei fenomenal este texto. Consegue exprimir o que muito raramente se consegue dizer com palavras.