Mais uma noite de aniversário de uma amiga, em que se reúnem as mais variadas pessoas numa sala para jantar, conversar, beber copos, dançar um bocadinho, enfim... socializar.
São quase 40 as caras sentadas à volta de uma mesa disposta em forma de U.
As palavras pouco ou nada fluem e os olhares são trocados fortuitamente, para que a análise que fazemos sorrateiros uns dos outros não seja flagrante e não nos deixe despidos e desprotegidos.
Acabado o jantar começam as alminhas a levanter-se da mesa, um a um, ora para ir beber café, ora para se juntarem em pequenos grupos, quais náufragos em porto seguro.
Cada um transparece uma sensação de inadaptação, de desconforto, perante o lugar, frio e cinzento, e perante as pessoas, tímidas e recolhidas cada uma ao seu mundo.
A banda começa a tocar e até o som reflecte uma sensação de espaço vazio.
Pouco ou nada se reage aos elementos musicais que se esforçam por nos envolver entre melodias aceleradas e lentas... Só já quase ao fim de duas horas de concerto é que se começa a dançar e a comunicar com os ilustres desconhecidos com quem partilhámos mesa... e ainda assim a medo, porque o álcool ainda não surtiu totalmente o efeito desinibidor desejado para se poder socializar sem preconceitos ou medos.
É com muita pena que mais uma vez verifico que somos de facto, e cada vez mais, dependentes de factores exteriores a nós mesmos para conseguirmos concretizar uma boa socialização e interacção com os que nos rodeiam.
E é também com muita pena que verifico mais uma vez que quando o álcool começa a fazer efeito no meu organismo, os que me rodeiam já estão demasiado alcoolizados para eu ter paciência para os aturar....
Enfim... Mais uma vez me retirei, sorrateiramente, quando vi que as bebedeiras estavam graves, o som a ficar cada vez mais do tempo da avozinha e que dali já ninguém saía para lado nenhum...
Há 6 meses
3 comentários:
Como eu te compreendo...
O teu problema é beberes muito devagar.
em primeiro lugar deixa-me que te diga uma coisa...uma festa de anos com 40 pessoas a mesa normalmente nao corre muito bem...acredita!!!
'misturam-se' pessoas que nada têm a ver umas com as outras, interesses diferentes, vidas diferentes, mentes diferentes, e nao podes estar a espera que começem a 'misturar' as suas vivencias assim sem mais nem menos. somos portugueses, acanhados e acabrunhados, demasiado contraidos para aproveitarmos a oportunidade de estar a uma mesa de uma festa com 40 pessoas e conhece-las de verdade...deixamos passar esse momento e esperamos que o bendito alcool nos inunde o espirito, leve a nossa timidez para o sub-consciente e so ai corremos o risco de conhecer alguem...claro esta que por vezes o grau de bebedeira e tao grande que conversas nao existem e as pessoas limitam-se a dizer trivialidades. ou, se a BESANA e relamente grande passa-se aos grunhidos...
e uma pena, mas e assim que vivemos
um beijo maria...
ja nao vinha ca ha muito tempo, mas prometo que vou visitar-te mais frequentemente...prometo...
pedro A.K.A. 'scorpion'
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