quarta-feira, novembro 02, 2005

O sol quando nasce, nasce para todos...

...só que uns vêm o seu brilho incandescente enquanto que outros toldaram de tal forma a sua vista que já nem se apercebem da sua luz.
A vida na rua endurece-os, torna-os guerreiros de noites de medo e de dias infernais, onde a discriminação e a indiferença social os aniquila e quase que os faz esquecer que são seres humanos.
São vidas perdidas e deambulantes, onde cada um carrega dentro de si mesmo o peso da sua história e a aungústia inexplicável da sua sobrevivência.
São dias infindáveis onde se tudo se perde, onde já nada existe, nada resiste...
São minutos que se transformam em horas, e horas que se transformam em dias, meses, anos, e assim se vão esqucendo do que é "ser".
Se os olharmos nos olhos, somos cravados por uma tristeza profunda e perdemo-nos naquele olhar opaco e distânte que já não consegue dizer mais nada, que já não sabe o que é sorrir...

Os milhões de rostos distorcidos que por eles passam todos os dias, tão centrados e enebriados em si mesmos, já nem os veêm, ou fingem não ver...
Rostos que os aniquilam com a falta de compaixão, de capacidade de integeração e de humanidade.
Rostos que os culpam e temem. Que pela calada os violentam de todas as formas e os desrespeitam na sua mais básica condição humana...

São cada vez mais os homens e mulheres que vivem nas nossas ruas e é cada vez maior a indiferença que se impõe na nossa sociedade.
São seres humanos de carne e de vida, que vivem sem cama, sem tecto, sem casa de banho, sem um prato de comida quente...
Sofrem por nada ter e por nada lhes ser dado. Nem amor, nem compreensão, nem integração social para lhes proporcionar as condições minímas de subsistência e de dignidade. As condições mínimas para um equilibrio social, físico e psicológico.

Não é pelo facto de lhes virarmos a cara ou de fazermos de conta que não os ouvimos que eles deixarão de existir... só deixarão de povoar as nossas ruas se fizermos algo para isso.
Se temos capacidade para ver o brilho do sol, que arranquemos de vez a venda que nos tolda a vista e encaremos de frente um problema que também é nosso...

Sem comentários: