Em Portugal são realizados pelo menos 17 mil abortos clandestinos por ano.
Pelo menos 350 mil portuguesas entre os 18 e os 49 anos já fizeram um aborto ilegal.
Esta é a realidade.
O aborto clandestino não é um fenómeno marginal.
E estes números, que são os oficiais, podem pecar por omissão, dada a natureza clandestina da questão.
83% destas mulheres fez apenas um aborto, o que abala por completo a falsa questão do recurso descontrolado à IVG como método contraceptivo.
O perfil destas mulheres que abortam clandestinamente é transversal à sociedade portuguesa, o que abala a ideia de que são apenas as mais desfavorecidas e menos informadas que recorrem a abortos clandestinos.
São na sua maioria mulheres demasiado jovens para terem filhos, mulheres que por não terem qualquer tipo de compromisso conjugal estabelecido, por serem sujeitas a pressões familiares, por se depararem com a rejeição da gravidez por parte do companheiro, por falta de condições económicas para criar um filho ou simplesmente porque não querem ser mães acabam por abortar em consciência, clandestinamente e sozinhas.
72% dos abortos clandestinos realizados foram efectuados até às 10 semanas de gravidez, sendo portanto a maioria beneficiada com a legalidade da IGV, com mais condições de saúde, de atendimento e de acompanhamento.
Caso contrário estes números, devido a complicações pós-aborto continuarão a repetir-se: 25% devido ao comprimido abortivo, 35% devido à raspagem e 27% devido à aspiração… e continuará a maioria destas mulheres sem receber qualquer tipo de aconselhamento sobre concepção pós-aborto, e sem qualquer tipo de acompanhamento médico…
Acho que é clara a posição que deve ser tomada.
Se esta lei não for aprovada em referendo, outras mulheres iguais a estas continuarão a abortar… Clandestinamente.