segunda-feira, janeiro 15, 2007

À caça

E porque não alimentar fetiches e vontades que surgem a partir de pequenos gestos que são interpretados de acordo com a nossa vontade?
Assim ultrapassam-se barreiras, travam-se intimidades virtuais e aguçam-se vontades reais.
Cometem-se algumas loucuras, montam-se estratégias, articulam-se situações, provocam-se ambientes.
Vai-se para além do que é esperado.
Invade-se território alheio, caminha-se pelo desconhecido e deixa-se fazer parecer que ali estamos desprotegidas, sozinhas e até angustiadas... quando na realidade todos os passos dados foram meticulosamente planeados, estudados, as hipóteses não existem, porque o que vai ou não acontecer já está previamente determinado.
Mantém-se assim a imagem desprotegida que eles gostam e que nos dá um gozo indescrítivel porque quem vai ser caçado julga-se caçador...
Põe-se a imaginação a fervilhar, a criatividade a pulsar e cada passo, cada olhar, cada gesto, prende-os cada vez mais, surpreende-os, admira-os, cativa-os e acaba por deixá-los enredados na teia tão cuidadosamente tecida sem que disso se apercebam.
A partir desse momento já não há nada que possam fazer. O golpe foi perfeito.
O objectivo foi cumprido. A aposta foi ganha.
Não faltou nem falhou nada.

Agora ela depara-se com a única coisa que não controla, a dependência que daí pode advir. A necessidade que ele terá de continuar a alimentar algo que só tinha sentido antes de ser cumprido e que agora só pode ser lembrado.

1 comentário:

Anónimo disse...

Se algum homem achar que escolheu ou seduziu uma mulher, então sofre da obscura condição de machista...

Pouco divulgada para não rebentar com as malhas da teia que é a nossa frágil sociedade...

Doce estupidez...

G.