segunda-feira, março 14, 2005

Sintoma Big Brother


Depois de uma semana fora do turbilhão quotidiano, consigo agora ter uma ligeira noção do que se passa na cabeça de quem enra num BB...
Passaram-se apenas 5 dias, intensos, mas que mais se pareceram com um mês.
Nestas escassas 50hrs que passei sempre e continuamente com as mesmas pessoas, foi bastante curioso constatar as alterações do meu comportamento e da forma como ía analisando o que se passava à minha volta...

Nas primeiras 10hrs, ainda a medo, as conversas começaram a desenrolar-se e algumas intimidades a desvendar-se.
Nas 10hrs seguintes ainda tinha a intensa sensação de estar num mundo que não era meu, onde as frases se repetiam já inconscientemente e as atitudes ainda pareciam iguais a tantas outras...

Depois disso, lá pelas 30hrs, a noção de tempo e espaço desapareceu por completo.
Agora já somos todos uma parte intrinseca, mal nos conseguimos distinguir e mal passamos uns sem os outros.
Sem darmos por isso as histórias fundiram-se e as identidades diluiram-se num misto de irmandade e atração fatal. Tudo o que não me pertencia e me punha os cabelos em pé por me parecer totalmente absurdo desapareceu por completo e já nem sequer consigo lembrar-me do que efectivamente se tratava!

A partir das 40hrs um misto de sedução e atração invade o espaço a que estamos rsetritos e já nada parece ser racional. Ali tudo é possível, basta querer.
As palavras correm agora soltas e já nem os desejos mais íntimos e perversos se detêm envergonhados dentro das nossas bocas.
Os segredos e as fanatsias são escancaradas para quem quiser ouvir.
Os gestos, por mais mínimos que sejam, assumem uma extrema importância, e os olhares, esses assumem o desejo que temos uns pelos outros...
Passadas quase 50hrs começa a apertar-nos no peito uma sensação de pertença vital, e o simples pensamento de separação magoa fundo, sem qualquer tipo de racionalidade... afinal só foram cinco dias bem passados... Mas as sensações traem a nossa mais sólida frieza e racionalidade... já não há mais nada a fazer.

Agora ainda faltam 20hrs...
Depois a libertação do espaço a que temos estado confinados...
Tudo pode acontecer...

3 comentários:

Anónimo disse...

Os desenvolvimentos devem ser perpetuados com desejo de os fazer e não a pedido.
No entanto, gostei da forma como foi encarada essa pseudo-experiência, digo eu, que sou pirata.
Noutro contexto, convido-te a veres a 'Arte' exposta no meu território.
Beijocas e inté.

Luís F. Simões disse...

Há sempre um momento em que nos expomos com o objectivo de nos escondermos...

Tal observa-se muito nos grupos.

SK disse...

Sendo animais gregários, mas profundamente díspares na nossa interpretação do mundo, devido á propalada racionalidade, muito pode acontecer quando se forma uma espécie de sociedade em menor escala. O senso de pertença surge como uma espécie de consequência directa da permanência física. A velha história do hábito, que depois se torna o senso de grupo, e forma laços. Qualquer pessoa que já tenha de se ter separado de um grupo numa circunstância semelhante, terá experienciado a mesma sensação de desnorte e tristeza. Porque no fundo, a presença desaparece, e digam o que disserem, não fomos feitos para estarmos sós.