segunda-feira, março 21, 2005

Dia mundial da Poesia

Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cançasos,
Quando a noite de manso se avisinha,
E me prendesses toda nos teus braços...

Quando me lembra: esse sabor que tinha
a tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...

Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é seda vermelha e canta e ri

E é como um cravo ao sol a minha boca....
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...

***

És tu! És tu! SEmpre vieste, enfim!
Oiço de novo o riso dos teus passos!
És tu que eu vejo a estender-me os braços
Que Deus criou para me abraçar a mim!

Tudo é divino e santo visto assim...
Foram-se os desalentos, os cançasos...
O mundo não é mundo: é um jardim!
Um céu aberto: longes, os espaços!

Prende-me toda, Amor, prende-me bem!
Que vês tu em redor? Não há ninguém!
A terra? - um astro morto que flutua...

Tudo o que é chama a arder, tudo o que sente,
Tudo o que é vida e vibra eternamente
É tu seres meu, amor, e eu ser tua!

Florbela Espanca

6 comentários:

Blackmarrow disse...

O problema da Florbela é querer ser a Emily Dickinson portuguesa!

MissM disse...

Bem, a meu ver o problema da Florbela Espanca ERA ser demasiado depressiva, e por isso se matou... por amor...
Hoje em dia é uma das maiores escritoras e poetisas nacionais...

Blackmarrow disse...

Lá está, dás-me razão! Pretendia ser uma Emily Dickinson! Até na maneira de morrer... (matou-se por não poder amar o irmão!!!)

Lamento, mas não é uma das maiores. Nem no Top Ten está. Na história da literatura feminina portuguesa tem muito que calcorrear. E felizmente ou infelizmente quem canoniza os escritores são as academias!

Blackmarrow disse...

E muito generoso sou eu que conjuguei o verbo Ser no presente propositadamente para lhe dar contemporaneidade. Mas isso não percebeste tu!

NSC disse...

A Florbela Espanca foi uma escritora medíocre. Top ten?! Pelo amor de Deus! A gaja era uma histérica. Um bom par de lambadas não lhe tinham feito mal nenhum.

Quanto à tua posição sobre a academia, ó Blackmarrow, tens toda a razão.
Só assim se explica que poetas a sério, como o Pascoaes ou o Echevarria sejam ignorados. Para não falar de Raul Brandão, ou de António Botto...

Anónimo disse...

Ó Vampiro, Eu coloquei-a no top ten das gajas escritoras, men! não no top dos poetas portugueses! Os nomes que tu referes é como dar pérolas a porcos! O pessoal só sabe citar o vulgo, como esta Espanca, o tuberculoso do Nobre e o desiquilibrado do Sá-Carneiro que vivia à sombra do Pessoa. Um gajo que escreve «Eu não sou eu, nem sou o outro. Sou qualquer coisa de intermédio.», só podia ter acabado com um tiro nos cornos no banco de um jardim!